top of page

A mística da Terra Erma

Os caminhos que me levaram à Terra Erma, remontam os idos de 1993, quando ainda na faculdade conheci pequenas peças do que comporia esse meu (e agora nosso) mundo. Por si só, as mesas de RPG (D&D High Fantasy - Idade Média) e sua temática me despertaram. Então vieram os livros de JRR Tolkien, a música de Enya e Loreena McKennitt...Isso pode parecer bobeira, detalhes pueris, mas sim, fizeram a diferença, compondo esse mundo imaginário.

 

A identificação foi imediata. Lia os cadernos "xerocados" dos livros originais, os quais traziam as regras do jogo, feitos em inglês, sem sequer saber aquele idioma, utilizando o dicionário para decifrar palavra por palavra, para tentar absorver tudo que fosse possível. De certa forma, parecia que eu já possuía o entendimento e que o que havia sido desperto em mim eram esses símbolos. Não acho, porém, que isso acontece somente comigo...pessoas se identificam com coisas e, na minha opinião, deveriam seguir a trilha para descobrir o que significa. Dá prazer se envolver com o que se gosta.

 

E foi dentro dessa percepção que o nome me veio à mente Terra Erma. Pelo significado semântico, Ermo é solitário, inóspito, desértico, inabitado. A sensação de me misturar com as histórias que escrevia ou simplesmente jogava, traspassava a ideia de estar retornando a um lugar que havia sido deixado de lado há muito; por isso, "ermo". Sinto-me como se estivesse novamente dando vida a esse local, repovoando-o, trazendo-lhe vida.

 

Com a evolução dos textos, outrora simples enredos de jogos, mantendo o verdadeiro conteúdo na minha mente, vi que havia mais que palavras e tramas ali. Comecei a organizar a cronologia dos acontecimentos, as relações diplomáticas entre os reinos, as personalidades etc.

 

A Guerra do Ventre foi escolhida como a porta de entrada para a Terra Erma, simplesmente para respeitar a cronologia do tempo em que foi escrita (sua primeira versão estava pronta em 2001, muito diferente do que é hoje). Desta história partirão novos contos, interligando os personagens, os reinos....o mundo.

 

Escrever me faz sentir mais completo, mais útil, mais conectado. Pude ver que muitas vezes transcrevia minha própria vida, minha percepção, tudo posto nos símbolos (os personagens e suas relações); conseguia ler e identificar o que havia escrito como passagens da minha vida e vi nisso algo mais profundo que as palavras ali transcritas. Para mim, essa é parte da mística da Terra Erma e por isso ela é tão especial, diria até essencial.

 

Meu desejo como escritor é que algumas pessoas possam encontrar símbolos que lhes façam algum sentido, explorá-los e, quiçá, ser capazes de evoluí-los, pra um sentido particular: o encontro com a sua própria Terra Erma.

 

Que a magia nos envolva e nos conduza por caminhos suaves, livres e belos! Que os ventos murmurantes nos tragam alívio e intuição! Que sua estada na Terra Erma seja prazerosa...

bottom of page